Diferentemente dos livros de romance, guerra, terror, que nós temos em casa, geralmente escritos por apenas um único autor, a bíblia é composta por vários escritores em um longo período de tempo, dividido antes e depois da vinda de Jesus.
Agora pare e pense, imagina que trabalhão foi reunir todos esses livros e definir quais eram de fato os verdadeiros textos da palavra de Deus?! Estamos dispostos a te contar como foi esse processo.
Você já deve saber que a bíblia é dividida em duas partes: o Antigo e o Novo Testamento, ou seja, antes e depois do nascimento de Jesus.
Antes da vinda de Cristo, não havia um único volume com todos os livros da bíblia. O que se tinha eram textos que circulavam separadamente com poucas cópias.
Após a chegada do Messias e a evangelização nas comunidades, muitos livros foram surgindo, inclusive de pessoas que queriam que seus textos tivessem o mesmo reconhecimento que os textos escritos por apóstolos. Diante disso, começaram as discussões para formar a lista dos livros que deveriam fazer parte dos chamados “livros canônicos”, ou seja, aqueles inspirados por Deus.
Documentos históricos provam que foram necessários cerca de 400 anos, depois de Cristo, para a bíblia ficar estabelecida por completo. Através de um decreto criado por Santo Agostinho, a igreja definiu 72 livros que a bíblia iria conter. O Decretum Damasi, publicado no ano de 382, revelou isso:
“Agora tratemos das Escrituras divinas, o que a Igreja católica universal deve acolher e que deve evitar (decreto continua com o nome de todos os 72 livros)”
ANTIGO TESTAMENTO
O antigo testamento foi escrito praticamente inteiro em hebraico e é lido de trás para frente. Os livros desse testamento foram reunidos em três partes: os livros da Torá; os dos Profetas, e anos depois, os dos Escritos.
Após a morte e ressurreição de Jesus, os apóstolos deram continuação na evangelização visitando vários outros lugares do mundo. Nessa caminhada, eles se depararam com a língua grega, porém, como havia dito, os livros do Antigo Testamento estavam em hebraico.
Com isso, os discípulos se utilizaram da Septuaginta, que era a tradução da bíblia em grego, conhecida como Tradução dos Setenta, que havia sido elaborada em Alexandria antes de Cristo. Essa Tradução dos Setenta já possuía os 46 livros do Antigo Testamento.
NOVO TESTAMENTO - LINHA DO TEMPO
33 d.C - Jesus morreu, ressuscitou e subiu aos céus.
50 d.C - São Paulo escreve o primeiro escrito do Novo Testamento.
70 d. C - Primeiros evangelhos são escritos (São Marcos, Mateus e Lucas).
100 d.C - São escritos o Apocalipse, São João, etc.
** Datas aproximadas.
*** d.C (depois de Cristo)
De acordo com a história, a primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses é o mais antigo escrito feito no Novo Testamento. Então, a organização dos livros que temos hoje na bíblia não segue a ordem cronológica, ou seja, o primeiro livro do Novo Testamento, evangelho de São Mateus, não é o mais antigo livro escrito nessa época, mas sim a carta de São Paulo.
É importante destacar que a bíblia veio com a igreja. Foram vários anos de evangelização dos discípulos de Cristo até a decisão de documentar as ideias de Jesus através de livros.
A igreja levou 200 anos, após a morte e ressurreição de Jesus, para definir quais eram os 27 livros fiéis a palavra de Deus. Durante esse tempo, a instituição católica era a responsável por analisar e selecionar os documentos que iriam compor a bíblia.
CURIOSIDADES
Um ponto interessante para você conhecer é que Jesus pregou a palavra por volta do ano 30. Os evangelhos que temos hoje foram feitos no ano 70, ou seja, cerca de 40 anos depois. Assim, o padre Paulo Ricardo te deixa uma pergunta:
“Se você não crê na igreja, que ela tem assistência do espírito santo, como você acredita em Jesus?”
De fato, o espírito santo foi fundamental para que os discípulos não escrevessem coisas erradas em relação a Jesus Cristo.
A Igreja Católica organizou as leituras da bíblia em Anos Litúrgicos (A, B e C). Assim, praticamente todos os textos da bíblia são lidos a cada três anos.
* No ano A, lê-se o Evangelho de Mateus;
* Já no ano B, a igreja reserva o evangelho de Marcos;
* Por fim, no ano C é lido o de São Lucas.
* O evangelho de São João é reservado para ocasiões especiais, como grandes festas e solenidades.
O mais legal dessa história é que agora você sabe em qual ano litúrgico estamos toda vez que ouvir o evangelho durante a santa missa.
Outra curiosidade é que a bíblia dos protestantes é diferente da bíblia dos católicos. No Antigo Testamentos, os evangélicos tem 39 livros, contra 46 livros presentes na bíblia católica. Essa diferença tem uma explicação histórica que vamos trazer nas próximas matérias. Fique ligado!
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